Eis aqui a serva do Senhor! (LC 1, 38)
Como
as mulheres de seu tempo, Maria foi preparada para o trabalho.
Trabalho que envolvia as atividades domésticas e aquelas outras próprias
das mulheres: cozer, fiar, bordar... Trabalho que transbordava a
sensibilidade própria do ser feminino que coloca muito de si naquilo que
é produzido e faz o cotidiano ter um sabor especial.
O anúncio do anjo, a novidade da concepção em seu
ventre do Filho de Deus transforma aquele trabalho corriqueiro – com o
qual Maria provavelmente já estava bastante acostumada – em serviço.
Serviço primeiro ao próprio Deus, como aquela que
cede o seu ventre para que o Filho do Pai venha ao mundo, com todas as
implicações que uma gravidez traz e os conseqüentes cuidados e educação
da criança que chega.
Serviço ao outro manifesto através da necessidade de
partilhar o seu mistério com a prima Isabel, também detentora de uma
grande novidade! Maria parte para ajudar Isabel: à prima idosa prestará
o serviço de seus braços jovens e juntas compartilharão da espera da
chegada daqueles que anunciariam a plenitude dos tempos.
Serviço à família, no amor por José expressado a cada
dia, no preparo do alimento, no cuidado com a casa, na partilha dos
sentimentos próprios daqueles experimentam a paternidade e a maternidade
e fazem uma criança constituir-se em um adulto. Serviço ao Menino que
necessitava dos cuidados típicos de uma criança, que precisava ser
instruído, que precisava ser educado, enfim, que precisava tornar-se um
homem especial: humano e divino. Mais tarde, com Jesus já adulto, os
cuidados da infância serão substituídos pelos cuidados dedicados ao
grupo de seus discípulos, na lida do preparo de refeições, de camas para
o descanso, de roupas limpas, de manter a casa sempre pronta para
receber aqueles que um dia irão dar continuidade à obra de seu Filho.
Serviço à Igreja nascente, manifestado na força que
demonstra no Calvário, na alegria pelo anúncio da Ressurreição, no
entendimento das Escrituras e de todo o Evangelho pregado por seu Filho
durante sua vida terrena e que será paulatinamente descoberto por
aqueles homens, os primeiros anunciantes da palavra de Jesus. É em
Maria que se reunirão, é na Mãe que buscarão a sua força e o não
esquecimento dos ensinamentos do Mestre. E, por aqueles homens, Maria
se tornará a Mãe da Igreja e da Humanidade.
Maria não descansa nunca. Seu serviço terreno
continua no Reino de Deus, de onde continua a interceder por todos nós.
O seu trabalho não cansa, porque é serviço, é dom próprio daqueles que
reconhecem no outro suas necessidades e no atendimento destas encontram
sua verdadeira vocação. Que essa mulher incansável possa nos estimular a
servir, a trabalhar pela construção de uma nova realidade, a termos
nossas casas e corações abertos a todos os que buscam em nós um pouco do
amor de Deus.
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